sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
A existência de todos os objectos – seja qual for a sua natureza – está condicionada pela imagem em que esses objectos virão a tornar-se. Hoje em dia tudo existe para vir a ser uma fotografia. Como se a fotografia passasse a ser a essência, a natureza das coisas, em vez de ser apenas a sua aparência. É por isto que o ritmo de consumo de imagens é cada vez mais frenético. E contudo as imagens são objectos frágeis que facilmente se rasgam, se perdem ou se manipulam. Imagens dependem de contextos – nada explicam por si mesmas. Mas as imagens despoletam também todos os mecanismos de dedução, especulação e fantasia.
Coleccionar fotografias é coleccionar o mundo. Observar o mundo como se fosse constituído por estes fragmentos obriga a recordar, pensar, acusar, exaltar, consolar, atormentar, sentir – sentir mais? Qual é a natureza do mundo, tendo em conta que o partilhamos com os outros? Todos os dias somos bombardeados com milhares de imagens que mostram a ilimitada perversidade humana. Hoje, já ninguém usa a expressão “parecia um sonho” – quando se deseja exprimir a incapacidade de assimilar de imediato uma catástrofe diz-se: “parecia um filme”. A dimensão de realidade que as imagens adquiriram ultrapassou todas as expectativas. E, no entanto, se as imagens são apenas superfície, aparência, o que é que está por detrás delas? Susan Sontag
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